sábado, 9 de setembro de 2023

Volatilizado

 Ha algum tempo, trabalhei uns dias na construcção. Ganhei qualquer coisa.


Chegado a casa, escondi duzentos euros num livro da minha bibliotheca, do qual me lembrava bem. Não disse nada a ninguem. Depois disso, fui para o Alemtejo, e à minha mãe, ao telephone, disse-lhe para pegar no dinheiro, e para me o trazer quando para lá viesse.


O dinheiro não estava lá. A minha mãe não o encontrou. Tudo o resto que tinha pedido estava lá. A minha mãe, sob o pretexto de lhes tirar a poeira (elle avait la puce à l'oreille!), revistou os meus livros... Nada.


Alguns tempos depois, regressado ao Algarve, fui fazer queixa à policia de Lagos, chefiada pelo Comissario Miranda. Disse ao policia de serviço que suspeitava que estava sob escuta. Como estava alguem a fazer queixa, e a coisa estava demorada, o policia de serviço disse-me para ir para casa, que ia mandar uma patrulha para observar a casa. Esperei a tarde toda, mas não vieram.


Das duas uma: ou me esqueci onde pus o dinheiro. Ou, alguem accedeu à minha casa, depois daquelles que espiam as minhas communicações o terem avisado. Tenho uma fechadura e umas chaves especiaes, que não é facil violar, mas como estive detido cerca de dez vezes nos ultimos annos, alguem pode muito bem ter feito uma copia das minhas chaves.


Tendo mais para a segunda hypothese. Em Lagos, há bloqueios e resistencias misteriosas nas instancias judiciaes e policiaes. As coisas não funccionam como deviam, apesar de haver uma lucta interna.

Se algum dia encontrar o dinheiro informarei. 


C'est comme ça qu'on apprend à vivre, et à ne pas trop parler au téléphone!

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