quinta-feira, 11 de julho de 2024

A Política de Bencatel e uma Juncta Corrupta

Na Juncta de Freguezia de Bencatel, governa o Partido Communista Portuguez, alliado ao MUC. Na opposição, está o Partido Socialista. É assim desde o 25 de Abril.


A situação é um pouco bizarra, original e incommum. Não há direita. Os socialistas fazem figura de “reaccionários”. Talvez esta divisão se deva ainda ao período do 25 de Abril, em que os communistas andaram agitados pela aldeia, a occupar terras. Os socialistas são mais tolerantes do capitalismo e da propriedade privada do que os communistas. Se bem que o próprio regedor, o Cardoso, seja um pequeno empresário e patrão. Por outro lado, os communistas talvez tenham uma relação mais tranquilla com a Rússia, o que é bom já agora, e sejam mais conservadores em termos de costumes. Mas enfim, a sua posição é no máximo de defesa, não de contra-attaque. Na práctica, os dois partidos defendem mais ou menos a mesma política. Se surgir uma direita, ou Yahvé nos livre, um fascista reaccionário, alliar-se-ão provávelmente de medo de acabar no Tarrafal.


Se virmos agora as últimas eleições europeias de 2024, o resultado é o seguinte:


Partido Socialista: 42%

Partido Communista Portuguez: 22%

Partido Social-Democrata: 15%

Chega: 7%

Iniciativa Liberal: 5%


Ou seja, a Esquerda, nesta eleição de forma proporcional, teve mais de sessenta por cento dos votos. Mesmo assim, os trez partidos de direita tiveram quaze trinta por cento do voto o que é um resultado muito razoável. E também note-se que o PC tem menos força do que parece: a juncta está em perigo.


Como interpretar estes resultados?


O bom lado: os bencatelenses são generosos e não se importam de financiar o Estado-Social. Gostam da Europa, e não querem que a Ucrânia collapse. Apesar de haver, nesta aldeia que chamam Nova Moscovo, quem goste da Rússia. E querem que as mulheres sejam bem tractadas, o que suppostamente os perigosos machistas de direita não fazem. Também, não gostam de patrões cabrões que exploram os trabalhadores.


Também se pode ver a coisa do lado mau: são ladrões e querem que o Estado roube os trabalhadores e patrões para lhes dar salários de funccionários públicos e pensões de reforma. Aprovam todas as perversidades sexuaes e familiares da modernidade, promovidas pela esquerda. E não se importam de ver os seus filhos serem destruidos pela immigração infinita que vem a caminho. São uns revoltados que não acceitam a legitimidade dos seus patrões e que os vão lixar à primeira occasião. Deixam-se intimidar, deixam de reflectir com tranquillidade, quando houvem fallar da “dictadura”, quer seja de Salazar ou de Putin. E têem a arrogância dos abrilistas que acham que tinham legitimidade para pegar em armas contra o Estado Novo, para continuar a cuspir-lhe em cyma 50 annos depois, sem nunca assumirem que commeteram crimes, e offuscando-se muito contra qualquer reaccionário que use dos mesmos méthodos violentos de que são adeptos (basta lembrar que o 25-Alá-u-Akbar foi um golpe de Estado militar).


Duas notas. A primeira sob as más línguas de Bencatel. Ao longo dos annos assistiu-se a pessoas que sahiam da terra porque se sentiam opprimidas pelos cancans que se fazem sobre as pessoas e sobre os julgamentos sumários, às vezes sem moderação, que isso implica. Há quem diga que as pessoas são “racistas” no sentido que não acceitam nenhuma diferença. Na política local é um facto que não há pluralismo. É também de certa forma o que os protege contra os forasteiros. Mas o “anti-fascismo” de Bencatel é uma treta. Há mais reaccionários e amigos do Salazar do que se pensa (eu sei, fallam commigo!), só que não se assumem de medo da aggressividade e do fascismo dos... anti-fascistas. Estes últimos, quando apparecerem duzentos pretos na aldeia, vão fazer como toda a gente: vão votar fascista. O seu anti-racismo é um luxo hypocrita ou tonto que só é permissível porque vivem numa aldeia racialmente pura. E depois, francamente, o racismo é um phenómeno biológico inevitável. O ser humano é macaco e quando vê outro bando que não o seu começa a gritar e a saltar: tem que fazê-lo para se proteger. Pode ser um crime, mas não é mais grave que tantos outros. É certamente menos grave ser racista contra o Outro, do que traidor com os Nossos.


Sobre o racismo e o racismo do anti-racismo, lembro-me duma discussão que tive um dia com o Quim Zé. Elle acha muito mau o Chega, que no fundo o protege, por causa da questão da immigração. Suggeri-lhe que fosse viver para a Guiné, para abrir os olhos. Respondeu-me que “não é povo que me interesse muito”. Tradução: o Quim Zé não se importa que os lisboetas levem com pretos. Nem se importa de ouvir o Carlão na Festa do Avante. Mas ir fazer uma pequena experiência colonial, na terra delles, onde elles mandam, isso não... Pode-se levar a sério essa mentalidade?



A segunda ideia é que não há mal nenhum em ser de Esquerda. Mas só pontualmente. Às vezes pode-se e deve-se tomar partido pelos trabalhadores, pelas mulheres, pelos pobres e pelos forasteiros. O que é errado é ser systemáticamente contra o heteropatriarchado branco, christão e capitalista, sobretudo quando por natureza se faz parte delle. O esquerdismo pode ser uma forma de anarchismo inimigo de qualquer auctoridade. E qualquer pessoa que não seja idiota e corrupta vê que é algo suicidário e traiçoeiro que vae ter como consequência o genocídio afro-islâmico. É preciso defender a ordem natural, viril e branca. Dar mais importância à liberdade do que à egualdade.


Há uma boa dose de burrice e de cobardia em Bencatel. Pensam mesmo que vão escapar aos perigos no seu cantinho, e que não vão precisar de tomar partido! Ficaram tão traumatizados com a falta de sardinhas no tempo do Salazar que apanharam uma noia. E desde ahi as suas mulheres limpam a calçada todos os dias, talvez para expiar os seus peccados. Just Joking, mas a brincar a brincar dizem-se as verdades.


Agora, uma constatação, nascida de experiência própria: esta Juncta de Bencatel, e o Presidente-Regedor Cardoso, são corruptos e mesquinhos. Não necessáriamente uma corrupção financeira (apesar de dar jeito receber o salário de presidente estando ausente a maior parte do dia). Antes, uma corrupção moral.


O regedor é cúmplice sabido e consciente dos envenenamentos e perseguições psychiátricas que eu, o Galhofas e outros soffremos por motivos políticos, há mais de dez annos. É cobarde quanto à questão vital da guerra russa, não mobilizando o povo, num sentido ou noutro (e já foi interpellado nesse sentido). Assume-se como communista, quando hoje em dia qualquer pessoa com um pouco de cultura sabe que essa ideologia de ladrões fez dezenas de milhões de mortes e defende roubar tudo, absolutamente todos os factores de produção – a favor do Estado. Ou seja, lá está, quer pôr em commum o que é dos outros. Na práctica não o fará, mas symbolicamente sim, porque ainda não tentou provocar o aggiornamento do PC. Fecha a juncta ao povo inteiro, porque a “perigosa fera” Pedro Hitlerinho anda à solta nas ruas. Faz provavelmente boicotes – a mim – no Grémio à assembleia do qual preside, e talvez na “Cosa Nostra”.


Ou seja, são todos muito democratas é tolerantes até ao dia em que apparece alguém que lhes explica que a democracia não é o único valor, nem o mais importante. Coligam-se com ecologistas, mas permitiram a porcaria dos painéis solares na freguezia, hectares, sem consulta popular. Não gosta da burguezia, mas deixa-a privatizar todos os caminhos do concelho (qualquer dia é preciso pagar portagem para ir à Villa). E no fundo para mamar uns subsídios associativos – o que toda a gente gosta – é preciso ir na lenga-lenga dos partidos representados na assembleia. Também, em vez de deportar povos inteiros como o Staline, trabalha para importá-los aos milhôes, porque não faz guerra à sede lisboeta do partido, que ainda há dias estava a promover trabalho para uma brutalidade de funccionários na AIMA (nem o systema de saúde defendem assim...). Também, é de duvidar que quem está à volta do PC de Bencatel seja muito íntegro e corajoso. Ser communista em Bencatel não é o mesmo que sê-lo no tempo do Franco. Aqui são elles que têem o poder, e que distribuem os tachos.


Ou seja, o PC está onde tantas vezes esteve: do lado da traição. Jà não têem a força que tiveram noutros tempos, e num sentido não valle a pena batter no ceguinho. Mas enfim, é o que é. Cinquenta annos depois do Cunhal, e cem annos depois do Lenine, ainda não foram capazes de repensar os seus princípios duma certa ideia de “demo-kratos”.


É uma “democracia” sui-generis: uma minoria que assumiu poderes maioritários. Talvez mesmo, uma maioria de minorias! Um governo de democratas que têem medo de ideias e partidos concorrentes. São mais ideólogos do que democratas no fundo.


No fundo, o que Bencatel precisa é de outra democracia. É preciso gente com pachorra para partir pedra, inserir-se nas associações da freguezia com ideias próprias e independentes, e fazer uma modesta listinha às próximas eleições autárchicas. Não é para ganhar, é só para ter um ou dois assentos na assembleia. Para vigiá-los. Para fazer umas suggestões. Desanuviar a atmosphera. Mudar de cabrões. Polarizar a coisa numa primeira phase, sabendo bem que no final vae nascer uma synthese esquerda-direita, que não é nada mais do que o fascismo. A solidariedade mais do que o socialismo.


Senão fôr assim o que pensar? Que é preciso um motim na aldeia?!



PENICHE SEMPRE!

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