Vou relatar o que se passou commigo no princípio do anno. Com uns detalhezinhos que mostram a velhacaria e a burrice desta máfia de envenenadores que nos governa. A referência aos jesuítas é irónica. Tracta-se simplesmente da Guarda Nacional Republicana, que está a occupar um edifício da ordem roubado durante as revoluções, segundo o padre Sanctos de Villa Viçosa. Mas, por coincidencia, está a ser preparado um novo quartel para elles no concelho. Pode ser que devolvam os bens à Egreja, não é?
A guarda veio à minha porta. Batteram e batteram que parecia que queriam rebentá-la, mas não lhes abri. Mas enfim, apanharam-me na rua. Era para ir levar a escrava-pica. Pedi para fallar com o commandante, na Villa, e lá fui. O mandato dizia que eu tinha cinco dias para recorrer. Pedi isso mesmo, para não levar a injecção enquanto não era ouvido. Recusaram-se, e nem sequer averiguaram a situação com os chefes de Évora.
Chegado a Évora, appareceu a médica Sophia Charro, da psychiatria e da urgência. Não lhe fallei muito, e ella mandou-me levar a injecção. De repente apparece-me uma enfermeira com uma seringa enorme. Já estava com ella no ombro, quando me revoltei, tive medo, nunca tinha levado uma injecção destas. Ia ficar magoado com tanto líquido no corpo. Levantei-me e ali mesmo em frente à guarda ameacei a médica que voltaria para DECAPITÁ-LA se ella me pusesse aquella porcaria no corpo.
A guarda acalmou-nos, e voltei a fallar mais calmamente com a médica. Expliquei-lhe a história desde o princípio – o 25 de Abril de 74, em boa verdade – a sua natureza politica e não psychiátrica, e ella, espantosamente, atendeu os meus argumentos. Tomou uma decisão inédita. Ia-me internar para observação, mas sem medicação nenhuma. Lá fui eu.
No internamento do Patrocínio correu tudo bem. Não houve nenhum desacato, e até participei nas actividades communs às quaes sou geralmente avesso. Só que, de repente, trez dias depois, apparecem-me trez médicas desconhecidas – logo 3! Nunca tinha fallado, durante o internamento, com nenhum médico para que tentassem perceber se eu estava bem. Mas não hesitaram em me dizer que afinal tinha que levar a injecção, e que ainda por cyma, sabe-se-lá porquê, ia ser transferido para Portimão! Ou seja – obviamente pressionados pela judiaria de Lisboa e mais além – descredibilizaram a sua collega Sophia Charro.
Quando ouvi isso, e a sua insolência face ao reparo que lhes fiz quanto à sua falta de palavra, mandei-lhes o maior insulto que ouviram na sua vida. E gostei muito de vê-las a saltar na sua cadeira. Depois levei a injecção duma sacana de enfermeira que dizia que “não percebia porque é que eu estava zangado quando ella não me estava a fazer mal”.
Fui levado para o manicómio de Portimão, e lá fiquei duas ou trez semanas. Andar a ser transportado dum lado para outro é muito cansativo e perturbante: não se consegue ter uma vida normal. No fim, o médico Pedro Canelo deu-me uma receita com um anti-depressivo (je ne serai dépressif que tant qu'il continueront à me casser les pieds!) que, segundo me disse, tinha como consequência provocar mega-tesões de 8 horas. Ou seja, neste circo da psychiatria, ou castram as pessoas, ou os pôem com um vigor inimaginável. Tive que me rir. Incidentemente, testei o Canelo perguntando-lhe se elle sabia pelo menos o que é que tinha motivado estas enrolas todas, oito annos atraz. E curiosamente, ou não, elle respondeu-me substantivamente: por causa dum conflicto doméstico. Ou seja, elle sabia perfeitamente que não mereço estar preso e assediado, mas decidiu, por razões de carreira, fazer as perseguições que as chefias de Lisboa impõem. É um criminoso e um corrupto.
Aproveito, quaze já a concluir, para fallar do meu vizinho de Bencatel, o João Galhofas. Elle esteve internado commigo no princípio de 2024 em Évora. Estava perfeitamente bem. Não tem problema mental que justifique internamentos. Mas como tem chatices na vida – coisas do género: a mulhere, as partilhas, o advogado, etc – e como responde de forma um pouco impulsiva a estas dificuldades, decidem interná-lo, em vez de julgá-lo de forma paternal em tribunal. Ora, voltado (eu) a Bencatel recentemente, passados pelos menos dois ou trez mezes sobre o nosso internamento commum, elle ainda está preso em Évora. Quando é que esta perseguição termina? Não são capazes de tractar um pae de família com justiça, seus aldrabões hypocritas?
Finalmente, para concluir, e sem commentário, o diálogo que tive com a polícia que me levava para o hospital:
-Guarda Jovem: vivemos numa authentica dictadura.
-Pedro Velhinho: acho que o Regime vae desabar.
-Guarda Chefe: também acho!
OXALÁ
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